terça-feira, 22 de dezembro de 2015
O M.M.A. - O JIU-JÍTSU VIRA UMA NECESSIDADE PARA OS LUTADORES
Rórion Gracie, filho mais velho de Hélio, havia crescido ao lado do tatame do seu pai. Ouvia atentamente as histórias do passado vitorioso da família e tudo que tinham superado até conquistar a posição que desfrutavam. Rórion sempre praticou Jiu Jítsu, mas ao mesmo tempo, baseado na própria história de seu pai aplicava-se nos estudos e era um aluno exemplar. Jovem ainda, ele graduou-se em direito sendo reconhecido pelo próprio pai como um referencial de inteligência e de caráter da família. (ATALLA, 1999)
Nos anos 70, empreendedor por natureza e incentivado pelo pai, Rórion mudou-se para os Estados Unidos onde tinha por meta levar o Jiu Jítsu Brasileiro para solo americano. (dai surgiu o termo Brazilian Jiu Jítsu) Naturalmente a tarefa mostrou-se muito difícil pois até sua chegada, pouco se conhecia sobre o BJJ e a resistência a nova arte marcial era natural.
Rórion, obstinado com a idéia de popularizar o Jiu Jítsu na América, dava aulas particulares e coletivas na garagem de sua casa e cada aluno que trouxesse um novo interessado, ganhava algumas aulas gratuitas. Assim, de forma tímida pois não dispunha de recursos, Rórion começou a aumentar o número de alunos revivendo a história brasileira de seu tio Carlos. Aos pouco, o número de alunos foi aumentando até que em 1993 ele abriu sua primeira academia de artes marciais. (ATALLA, 1999)
"Dava aulas na minha garagem e quem levasse um amigo ganhava uma aula de graça.o negocio foi crescendo e abri uma academiazinha em janeiro de 93, com essa propaganda boca a boca já tinha conseguido convencer muita gente que o Jiu Jítsu e a melhor arte marcial do mundo." (ATALLA, 1999, p. 29)
Foi quando conversando com um de seu alunos, que tinha algum envolvimento com o marketing, Rórion imaginou a possibilidade de realizar na América aquilo que os Gracie já faziam no Brasil a mais de sessenta anos. Um campeonato de vale-tudo que pudesse ser vendido às emissoras de televisão em forma de um show. Rórion sabia do interesse dos americanos pelas disputas de combate e imaginou que sua tarefa de popularizar o Jiu Jítsu seria facilitada. Assim estava lançado o embrião do Ultimate Fighting Championship (UFC) que acabaria se transformando principal e precursor de todos os eventos de luta da atualidade. (ATALLA, 1999)
Projeto concluído, Rórion vai até Nova Iorque e apresenta sua idéia de show à War of Worlds (Mundo das Lutas) onde sua idéia foi bem recebida e a promessa de transmissão garantida a partir da realização do evento. Mais uma vez, sem recursos financeiros, ele associa-se a alguns alunos, desenvolve com o auxilio de um produtor de cinema o hoje mítico octógono (ringue de luta do UFC) e levanta a quantia de U$ 150 mil dólares (o suficiente para alugar uma arena, pagar médicos, ambulâncias, passagem e hospedagem para os atletas e um prêmio em dinheiro que fosse interessante aos competidores). Já no inicio, eles enfrentaram uma forte resistência promovida pela federação de boxe norte-americana que monopolizava os eventos de luta proibindo, na maioria dos estados, as lutas de esportes que não fossem olímpicos. Isso fez Rórion chegar a Denver (Colorado) onde não havia tal restrição. Ele enviou às maiores revistas (especializadas) do mundo a noticia do evento e passou a selecionar os oito melhores atletas a partir dos currículos que recebia, na realidade os sete pois a oitava vaga já estava reservada ao seu irmão Royce por dois motivos especiais. (ATALLA, 1999)
"[...] o primeiro uma questão de solidariedade.o Royler já tinha morado comigo e voltado para o Brasil, o Rycson tinha resolvido fazer o próprio negócio, e o Royce não, se manteve no barco comigo. Passamos por dificuldades financeiras, até fome juntos. Ele é mais que meu irmão e na hora que perguntei se ele queria ele respondeu “Eu entro”. Tava feito. A outra razão,foi o jeito de Royce: 27 anos, magrelinha, era o exemplo Maximo do Jiu Jítsu que eu estava promovendo. [...] O mundo quer ver a técnica do Davi vencer o Golias, e não o Golias dar porrada no Davi" (ATALLA, 1999, p. 29)
E Rórion estava mais uma vez certo, Royce nas quatro primeira edições do UFC deixou o mundo maravilhado com a aquela incrível técnica que fazia com que um homem comum enfrentasse adversários maiores e mais fortes que também tinham grande conhecimento em artes marciais. O público presente ou aquele que assistia via pay-per-view estava encantado com aquela nova arte marcial que permitia ao fraco e pequeno vencer o forte. Logo as academias de Jiu Jítsu norte-americanas estavam lotadas e com filas de espera, tanto que em 1997 a nova academia de Rórion foi considerada pela revista Martial Arts Professional a melhor academia de artes marciais dos Estados Unidos. (ATALLA, 1999)
Os próprios adversários de outras modalidades de luta perceberam que não seria possível confrontar os lutadores que tivessem o Jiu Jítsu como base, sem ao menos compreender a essência dessa nova arte marcial e tornaram-se praticantes dessa nova modalidade. O Brasilian Jiu Jítsu tornava-se a nova realidade daquele novo estilo de luta, o M.M.A. ou Mixel Marcial Arts e seu sucesso se multiplicava por todos os eventos de vale tudo pelo mundo.
O interesse por este tipo de evento se multiplicava. Logo o que começou com uma idéia de divulgação do Jiu Jítsu por parte de Rórion tornou-se um negócio milionário atraindo uma legião de fãs por todo o mundo. Isso despertou o interesse de grandes empresários do entretenimento e em 2001 Dana White e seus sócios Lorenzo e Frank Fertitta fundam a empresa Zuffa Entertainment e compram o UFC por U$ 2 milhões de dólares. A Zuffa tornou-se um império bilionário e acabou incorporando ao UFC todos os principais eventos de vale-tudo do planeta.
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