terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A CONQUISTA DA CREDIBILIDADE COMO ARTE MARCIAL – A ERA GRACIE

Embora o Jiu Jítsu começasse a trazer algum tipo de retorno, Carlos estava a frente de uma família que vivia sérias restrições financeiras. Cabia ao mesmo sustentar seus irmãos e mesmo frente a todas as privações que viviam, ressaltadas pelo fato da família Greice pertencer na sua maioria a aristocracia carioca (tios, primos), mantê-los acreditando na possibilidade de tornarem-se campeões de sucesso. Nesta época, o Brasil mergulhava numa violenta recessão alicerçada na economia dependente quase que totalmente do meio rural o que tornava a tarefa de manter a academia em atividade pois quase todo o material era importado o que fazia os preços dispararem a cada mês frente a uma moeda nacional cada vez mais enfraquecida. (GRACIE 2008) Os Greice começaram a mudar este quadro na metade da década de 20 quando em função da grande repercussão conquistada pelo Barão de Coubertin com os VIII Jogos Olímpicos de 1924, entraram em evidencia o culto a forma física e os benefícios que estes novos hábitos trariam a saúde. Os jogos olímpicos de 24 foram fundamentais na cultura esportiva mundial, pois nesta edição, a imprensa internacional descobriu uma nova frente de informações que atraiam cada vez mais a atenção do público. (GRACIE 2008) Com a imprensa a seu favor, Carlos e os irmãos Gracie, os quais já detinham certo reconhecimento público, passavam a valer-se das ferramentas midiáticas para conquistar novos alunos para aquela arte marcial que até então era de conhecimento restrito a poucos. A própria imprensa, ao perceber que o interesse pelo esporte, em especial pelas lutas só aumentava, passou a patrocinar eventos de combate dando destaque aos competidores que a partir de um cartel de vitórias acabava-se tornando um herói populares. "Seguindo uma tendencia ja existente na Europa e nos Estado Unidos,impulsionada pelo advento das olimpiadas,o culto a saúde e ao corpo também entrou em voga no Brasil.No final da década de 1920 a imprensa passou a dedicar mais espaço aos esportes e também se tornou patrocinadora de competições amadoras de luta livre e greco-romana. Atraídos pelo sucesso desses eventos, alguns empresários do entretenimento perceberam que os programas de lutas eram lucrativos.Alem das competições esportivas,passaram a promover desafios entre lutadores,[...] Com o tempo, o apoio dos jornais fez aumentar a presença do público abrindo uma frente importante para os praticantes de todo o tipo de luta. (GRACIE, 2008, p.65) A partir desta nova realidade, impulsionada pelos meios de comunicação de massa da época, os Gracie consolidaram sua imagem de esportista modelo e atrelaram a sua imagem aspectos positivos herdados dos costumes orientais baseados no respeito, na honra e na conduta regrada. Logo, a academia de Carlos estava lotada. Todos estavam fascinados, jovens e até cidadãos proeminentes da aristocracia carioca (estes em função do prestígio social da família Gracie) vestiam seus kimonos e encantavam-se com os resultados físicos e morais obtidos a partir dos treinos. É importante mencionar que Carlos, sempre ministrou aos seus irmãos e alunos os princípios recebidos no seu convívio com Esay Maeda, o qual lhe ensinara que o domínio de uma arte marcial fortalecia não só o corpo, mas também a mente do homem dando-lhe maior segurança, autoconfiança e controle. Em paralelo, Carlos, Gastão e Oswaldo continuavam a ser bem sucedidos em suas lutas e desafios, ganhando cada vez mais atenção das mídias da época tornando o nome Gracie/Jiu Jítsu um sinônimo de sucesso e vitórias. (GRACIE 2008) Porem, a grande revolução do Jiu Jítsu, aquela que acabaria transformando o Jiu Jítsu dos samurais no Jiu Jítsu Brasileiro estava por acontecer, na verdade já estava ali acompanhando aquele momento de ascensão do esporte, mas ao lado do tatame, observando, aprendendo e obstinado a ser notado, estava um menino, fraco e franzino, o caçula dos Gracie, Hélio.

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