terça-feira, 22 de dezembro de 2015
O JIU-JÍTSU BRASILEIRO
O primeiro contato de Carlos Gracie com o Jiu Jítsu, foi a partir de uma apresentação pública de Mitsuyo Maeda, no Teatro da Paz em Belém do Pará. Carlos ficou impressionado com o desempenho de Maeda e da vitória da técnica sobre a força bruta.(GRACIE 2008)
Carlos que tinha seu pai, Gastão como um amigo de Maeda, estava empolgadíssimo com a oportunidade de praticar tal arte marcial o que fez questão de deixar evidente ao ser apresentado pessoalmente a Maeda o qual viu em Carlos o seu perfil refletido, gerando imediatamente uma grande empatia entre os dois, que a partir de então tornavam-se mestre e aluno. (GRACIE 2008)
Gracie (2008) narra um episódio da primeira aula de Carlos Gracie o qual parece ter sido determinante na dedicação do mesmo a partir de então:
"Logo na primeira aula de Carlos, Maeda pediu um voluntário para demonstrar uma técnica de estrangulamento que faria o oponente perder a consciência em segundos, sendo, naturalmente reanimado em seguida: era o “mistério da morte aparente”. Ninguém se ofereceu para a experiência; passaram-se alguns minutos e nada, silencio total; todos se entreolhavam apavorados. Carlos, embora com tanto medo quanto os colegas, mas disposto a demonstrar ao mestre que não temia nada, levantou-se e caminhou para o meio do ringue. Koma o encarou com admiração e preparou o estrangulamento. Passou a mão esquerda pelo lado direito do seu pescoço, e a mão direita pelo outro lado. Continuando a olhá-lo lentamente começou a pressionar os punhos contra seu pescoço, provocando-le falta de ar. De repente, o mestre parou e disse: “ Não Carlos, não vou fazer isso com você.” Sem dar explicações, chamou outro aluno e concluiu a demonstração. A principio Carlos sentiu um alivio, mas logo a seguir ficou decepcionado, sem entender o motivo que levara Koma a desistir de usá-lo na exibição. Quando a aula terminou, Koma o procurou. Elogiou sua demonstração de coragem e disse: “ Não convém a um grande campeão começar a aprender Jiu Jítsu perdendo a consciência” Satisfeito e ao mesmo tempo surpreso com a deferência, a partir daquele dia Carlos fez do Jiu Jítsu a paixão da sua vida. (GRACIE, 2008, p. 39)
A partir de então, Carlos dedicava-se incondicionalmente ao aprendizado daquelas técnicas. Entre idas e vinda de Maeda, foram três anos junto ao mestre que via em Carlos o perfil diferenciado frente aos demais alunos, tanto que o mesmo sempre permanecia ao final dos treinos a fim de depurar os ensinamentos. Por sua formação no Jiu Jítsu tradicional (o Jiu Jítsu dos samurais) Koma ensinava a Carlos técnicas que haviam sido descartadas pela escola Kodokan de Jigoro Kano, tornando assim o conhecimento transferido a Carlos diferente daquele que era praticado no resto do mundo. Aos 19 anos de idade, Carlos acompanha o resto de sua família para a cidade do Rio de Janeiro, trazendo consigo toda a experiência adquirida junto ao mestre Maeda o qual jamais voltou a encontrar. (GRACIE 2008)
No Rio de Janeiro, Carlos pouco praticava o Jiu Jítsu, mais como forma de brincadeira junto aos seus irmãos. Na época, a cidade era recheada por eventos de luta onde os praticantes de boxe (a elite carioca) e os praticantes da capoeira (luta marginalizada que havia sido proibida por vários anos) dividiam as vitórias. Carlos encontrou naqueles torneios de luta a oportunidade que buscava para tornar o Jiu Jítsu sua profissão. Passou então a disputar tais torneios e, por sua técnica ser desconhecida, surpreendia e vencia facilmente seus adversários, sempre mais fortes e pesados do que ele. Com isso, a técnica defendida nos ringues por Carlos começou a gerar interesse desde os seus oponentes derrotados ate os jovens que assistiam tais disputas. (GRACIE 2008)
Logo, o velho sonho de Carlos tornou-se realidade, uma vez inaugurada a academia Gracie de Jiu Jítsu na rua Marques de Abrantes, 106 começou a atrair o interesse a atenção de todos.É valido salientar que não havia este tipo de oferta no Rio de Janeiro, pois as técnicas de boxe, por exemplo eram ministradas nos clubes sociais e ficavam restritas ao quadro de sócios, geralmente membros da alta sociedade. A pesar de ter se iniciado na sala da casa de Carlos, rapidamente o número de alunos começou a crescer em função dos resultados que Carlos e seus irmãos obtinham em torneios e desafios feitos sempre aos campeões de cada modalidade marcial onde invariavelmente o Jiu Jítsu surpreendia e os fazia vencedores. (GRACIE 2008)
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